sábado, 10 de dezembro de 2022
Ray Titto e Los Fabulosos Calabares no Kluster Moto Hub (temporada 2022)
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
A música Guantanamera, seus significados, mistérios e folclores.
A cubana Guantanamera é uma das músicas latinas mais conhecidas do mundo, mas a origem e o significado da composição são incertos. Trata-se de uma manifestação folclórica do povo que vivia nos campos da cidade de Guantánamo, onde fica a base naval dos Estados Unidos.
O que se sabe é que a letra da versão mais famosa é uma adaptação livre dos primeiros versos da obra Versos Sencillos, de José Martí. Já o instrumental foi composto pelo músico Joseíto Fernández.
Mas o que significa guantanamera, exatamente? É o que a gente vai te contar neste texto. Vem ver!
Significado da música Guantanamera
Desde que foi descoberta nos anos 1960, Guantanamera se tornou uma das músicas cubanas mais tocadas no mundo. A composição instrumental é do músico José Fernández Diaz, o Joseíto, que integrava um sexteto em Havana.
Já a letra, como você viu, é livremente baseada nos Versos Sencillos (Versos Sensíveis, em tradução livre) do poeta cubano José Martí.
Ele é reverenciado como um herói nacional devido à sua atuação como mártir na Independência de Cuba do domínio espanhol, ocorrida em 1898.
Assim, a música é considerada como uma canção de revolução e também de paz. Vale lembrar ainda que Guantanamera tem origem popular e foi ganhando várias versões ao longo do tempo.
O que significa guajira e guantanamera?
Vem descobrir de uma vez por todas o significado de guajira e guantanamera.
Guajira
A guajira, também conhecida como punto cubano, punto guajiro ou apenas punto, é um tradicional ritmo popular dos campos cubanos. Tem forte influência musical da região da Andaluzia, na Espanha, com a música feita por mestiços nascidos na América.
A principal característica da guajira é o seu ritmo dançante, com predominância dos instrumentos de cordas e letras com temática rural. Para melhor compreensão, seria o equivalente cubano à moda de viola brasileira.
Além disso, o termo guajiro significa camponês. Era a maneira como os colonizadores espanhóis se referiam aos indígenas da região de La Guajira, entre a Venezuela e a Colômbia, que eram capturados para escravizá-los nos campos.
Assim, guajira tem um significado duplo: tanto pode ser camponesa quanto se referir ao ritmo musical.
Logo, guajira guantanamera pode tanto significar algo como guarija de Guantánamo, em referência ao ritmo musical, quanto camponesa de Guantánamo. No caso da canção, a primeira opção é a mais provável.
Análise da música Guantanamera
Vamos dar uma olhada na versão mais popular de Guantanamera e seu significado?
Guantanamera, guajira guantanamera, (De Guantánamo, guajira de Guantánamo)
Yo soy un hombre sincero, (Eu sou um homem sincero)
De donde crece la palma. (De onde as palmeiras crescem)
Y antes de morir yo quiero (E antes de morrer eu quero)
Cantar mis versos del alma. (Lançar meus versos d’alma)
Como podemos ver, a canção começa seguindo a tradição da guajira. Um homem do campo fala em primeira pessoa sobre a necessidade de expressar seus sentimentos mais profundos antes de morrer.
É interessante notar que a palavra palma (palmeira) pode ter um duplo significado. Isso porque em 1903, o presidente de Cuba, Tomás Estrada Palma, assinou um acordo com Theodore Roosevelt, cedendo a Baía de Guantánamo para servir como base naval dos EUA.
Assim, o poeta também pode estar lamentando o acordo político feito por Palma, que Cuba acusa de ter sido imposto à força, e que desde 1959 é alvo de protestos no país.
Guantanamera, guajira guantanamera (De Guantánamo, guajira de Guantánamo)
Cultivo una rosa blanca (Cultivo uma rosa branca)
En junio como en enero. (Em junho como em janeiro)
Para el amigo sincero, (Para o amigo sincero)
Que me da su mano franca. (Que me estende a mão)
Na estrofe acima, o narrador utiliza a rosa branca — que representa valores como respeito, honra, amor e humildade —, como uma metáfora que simboliza a lealdade entre amigos.
Assim, ele afirma que, seja no inverno ou no verão, ele se mantém leal ao amigo sincero, que estende a mão para ajudá-lo quando precisa.
Guantanamera, guajira guantanamera, (De Guantánamo, guajira de Guantánamo)
Mi verso es de un verde claro, (Meu verso é de um verde-claro)
Y de un carmín encendido. (E de um carmim aceso)
Mi verso es un ciervo herido, (Meu verso é um cervo ferido)
Que busca del monte amparo. (Que busca refúgio na montanha)
Guantanamera, guajira guantanamera (De Guantánamo, guajira de Guantánamo)
Na última estrofe, o poeta utiliza figuras de linguagem que representam seus sentimentos.
Com referências que remetem à difícil vida no campo (o verde da vegetação em contraste com o vermelho do sangue quente), ele expressa o amor pela sua terra e sente-se como um cervo ferido que, revoltado e impotente, busca refúgio.
Os últimos versos também podem ser uma referência ao povo cubano em si, que estaria sofrendo inúmeras injustiças, sem ter a quem recorrer.
Contexto histórico
Surgida no início do século XX, Guantanamera se tornou famosa na década de 1960, quando o popular cantor estadunidense Pete Seeger apresentou a canção em um show em Nova York.
Um pouco antes, em 1959, aconteceu a Revolução Cubana. E uma das reivindicações que o governo cubano tem feito desde então é a saída dos EUA da Baía de Guantánamo, cuja base naval é considerada ilegal.
Dessa forma, a canção é utilizada como um hino de liberdade e como protesto contra a presença dos EUA em solo cubano.
Quem é o autor de Guantanamera?
Precisar um autor para a música Guantanamera original é tarefa quase impossível. Como vimos, a canção surge do folclore popular e, então, ganha inúmeras versões ao longo do tempo.
No entanto, historiadores afirmam que Joseíto Fernández foi o primeiro a gravar a canção, com letra adaptada dos versos de José Martí. Em 1928, com apenas 22 anos, o músico criou a melodia para Guajira Guantanamera, como a música se chamava na época.
Sobre a repercussão, ele comentou que “muitos pensam que nasci em Guantánamo, outros pensam que sou camponês e, sem dúvida, nem uma coisa e nem outra”.
Sucesso em Cuba
Na época, a guajira era uma febre local e vários compositores criavam suas guajiras para animar os bailes. Joseíto Fernández, então, compôs a Guajira Guantanamera, que se tornou um grande sucesso.
Conta-se que, na década de 40, havia um programa de rádio com tema policial, que alternava a dramatização das cenas com trechos musicais. Ao final de cada parte, era tocado o coro Guantanamera, guajira guantanamera.
Com a popularidade do programa, tornou-se comum as pessoas dizerem cantou uma Guantanamera pra mim, uma expressão que significa me contou um fato triste.
Outras versões da história
O musicólogo Tony Evora afirma que o primeiro a incorporar os versos de Martí na canção foi o compositor espanhol Julián Orbón.
Ele teria sido professor do cubano Héctor Angulo, em Nova York, que mostrou a versão do mestre para Pete Seeger. E, assim, a música ganhou o mundo.
Outras versões que circulam dizem que o autor teria sido um camponês que vivia em Guantánamo. Poeta e radialista, ele encerraria seu programa com uma determinada melodia e, depois, com versos de José Martí, inspirado pela beleza das mulheres da cidade.
A versão do The Sandpipers
Uma das versões mais famosas de Guantanamera é a do grupo estadunidense The Sandpipers. Lançada em 1966, a canção é ligeiramente diferente e traz versos cantados em espanhol e inglês.
A música alcançou o primeiro lugar nas paradas de sucesso dos EUA naquele ano e conquistou sucesso mundial.
Fonte: Analisando letras · Por Renata Arruda
¡El cantante Ray Titto y su guitarra de santería!
A santeria cubana é uma religião da nação Yorubá muito popular não só em Cuba, como em muitos países da América Latina. Isso porque ela representa a fusão entre a tradição folclórica trazida pelos escravos africanos e as práticas católicas impostas pelos colonizadores espanhóis.
Apesar de pesquisadores afirmarem que a utilização de santos católicos era apenas uma maneira de burlar o sistema escravista, a santeria cubana carrega elementos do sincretismo religioso. Além disso, a religião afro-cubano também cultua um Deus superior e divindades sagradas que atendem músicos da noite e todos os seres humanos.
sábado, 19 de novembro de 2022
Ray Titto e Los Fabulosos Calabares em Santo Antônio do Descoberto
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
Ray Titto e Os Calabares no no Bar Brahma de Brasília
O trio Ray Titto e Os Calabares é composto por cantores e compositores fundadores da extinta banda Rioclaro e que continuam radicados em Brasília, mantendo no repertório as canções autorais da banda. São músicas que fizeram parte de três trilhas de documentários: Abaixando a Máquina 1, Mautner em Cuba, Mais Náufragos que Navegantes, com uma indicação pela Academia Brasileira de Cinema para o prêmio de melhor trilha sonora de 2017, finalista na categoria Rock do Prêmio Profissionais da Música de 2016. Oito delas, nas rádios Nacional FM e Cultura FM. Agora, Ray Titto (voz e violão), Victor Lacombe (voz, bateria), Keu Aragão (percussão e voz) e Michael Moran (voz, violino, mandolin, trompete) continuam com o autêntico Rock Rural do Cerrado no repertório do show dos Calabares. Recheado do folk de toda América, com muita poesia e melodias influenciadas pelos clássicos de Almir Sater, Los Lobos, The Mavericks, Willie Nelson e nas trilhas sonoras dos Western Spaghetti de Ennio Morricone.
sexta-feira, 3 de maio de 2019
O folk latino do compositor Ray Titto
terça-feira, 19 de março de 2019
A arte do compositor e violonista Garoto
Juntamente com Chiquinho no acordeom e Fafá Lemos no violino, Garoto formou o famoso Trio Surdina. Trabalhou intensamente tocando em bailes e shows da cidade. Como compositor, fez a trilha sonora para o filme Marujo por acaso e mais duas músicas para o filme Chico Viola não morreu. Na incipiente TV do início dos anos de 1950, Garotoapareceu duas vezes na Tupi de São Paulo. A primeira, como convidado de José Vasconcelos e a outra, quando ele e o maestro e arranjador Radamés Gnattali executaram a versão reduzida do “Concertino n. 2 para violão e piano”4.
Apesar de ter sido um instrumentista virtuoso, um gênio das cordas, Garoto não deixou muita coisa gravada. Por este motivo, não se sabe muito dele como músico. Felizmente, transcreveu todas as suas músicas e arranjos para a partitura musical, o que acabou fazendo do artista uma espécie de “músico dos músicos”, segundo classifica o jornalista João Máximo5. Assim, seu maior legado foram suas composições. Neste quesito, ele dividiu a história do violão moderno em duas partes. E foi a partir das obras de Garoto que houve uma clara mudança nas melodias e harmonias dos compositores das gerações seguintes, engrandecendo a música brasileira. Sem dúvida, o instrumentista pode ser “ouvido” através das suas composições, das suas invenções melódicas e das suas harmonias inusitadas.
Na qualidade de arranjador, Garoto brilhou nos programas de rádio, principalmente em parceria com Radamés Gnattali. Juntos, firmaram a dupla que melhor representa a transição da música popular e da música clássica para, simplesmente, música. Sem rótulos. Os dois se tornaram grandes amigos, passavam férias e fins de semana juntos no sítio que Radamés tinha em Areal, no estado do Rio de Janeiro. Local em que Garoto acabou também construindo uma casa.
Ao contrário de muitos músicos da sua geração, Garoto foi um artista que viveu exclusivamente de música. Trabalhava intensamente para sobreviver. Mesmo assim, sua diversão preferida nos momentos de folga era tocar violão e participar de encontros informais com grandes músicos e compositores como Pixinguinha, Laurindo de Almeida, Luiz Bonfá, Sivuca e muito outros. Radamés conta:
“Ele estava sempre com o violão e dizia: ou o violão me mata ou eu mato ele... Era meio maluco. E eu tocava minha flautinha, o pior flautista do mundo, mas o melhor acompanhado. Ficávamos lá no sítio de noite, tocando choros de Pixinguinha com Alberto Ribeiro no órgão e o Garoto fazendo aquelas harmonias diferentes“6.
Uma das contribuições da obra de Garoto e, para não ser injusto, também das composições deixadas por Custódio Mesquita e Valzinho, foi a formação da incensada bossa-nova. A introdução de acordes dissonantes no violão brasileiro, por exemplo, foi uma delas. Por si só, essa já seria uma das razões para considerá-lo um dos precursores desse movimento. Aqui cabe um parêntese: a palavra “bossa” foi tirada da medicina e incorporada ao cancioneiro popular nos anos de 1930, pelo compositor Noel Rosa. E mesmo Garoto já o havia utilizado, em 1945, quando formou o conjunto “Bossa Clube”. Três anos depois da morte de Garoto, caberia ao baiano João Gilberto e à sua batida diferente apontarem novos rumos para o violão brasileiro. Ressalte-se que João adorava os encadeamentos harmônicos de instrumentista e compositor.
A obra de Garoto é moderna e genial. Em menos de 40 anos de vida, deixou um legado “monumental”, como afirma seu biógrafo Jorge Mello. Ele acrescenta que a obra de Garoto ainda não é “devidamente apreciada e que é uma pequena parte do que produziu ao longo desses anos de atividade artística”7. Não se tem notícia de que Garoto tenha realizado muitas gravações ao violão. Os registros são escassos. Muita coisa ficou perdida nos acetatos da Rádio Nacional ou não foi gravada. Mesmo assim, o músico deixou mais de 200 músicas catalogadas8. Um dos seus sucessos foi o samba-canção Duas contas, música e letra do próprio Garoto. Por muito tempo foi sua canção mais conhecida, sendo uma das poucas obras da música brasileira que não tem rimas, revelando também um letrista sofisticado. Curiosamente, seu sucesso mais popular foi um dobrado, São Paulo quatrocentão, em parceria com Chiquinho do Acordeom. Sua obra como um todo já conta com mais de 600 gravações9.
O fato é que Garoto estava muito à frente do seu tempo. Sua formação foi eclética e requintada. Ouviu muito choro, samba, jazz e música clássica. Adorava Debussy. Sua obra reflete todas estas tendências: moderna refinada e muito brasileira, não se atendo a um brasileirismo que limitaria a própria música. Garoto foi muito mais do que um precursor da bossa-nova. Isto seria reduzi-lo a um gênero em extinção. Sua influência é contagiante, afetando o violão e a música de Baden Powell, passando pela magnífica obra de Tom Jobim e chegando a todas as gerações de artistas que o sucederam. Como afirmou o compositor Guinga, “Ele será bem mais conhecido nos seus 200 anos”. A música brasileira agradece e comemora os 100 anos de Garoto. Todos os músicos têm um pouco dele no coração.
A história da parceria na música Gente Humilde poderia ter sido outra: Vinicius de Moraes, exultante, ao telefone, anunciaria: “agora Garoto é meu parceirinho”. Tom Jobim teria morrido de ciúmes.
4Site www.violaobrasileiro.com
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Rock Rural do Cerrado - Ray Titto e Os Calabares
Bandido, perdido, rebanho e pastor
Huapango, a milonga, o tango, a catira
O punhal e o facão
A viola de cocho, o charango, a guitarra
E um bandoneon
O fuzil, a pistola
E uma granada en mi corazón..."
domingo, 24 de fevereiro de 2019
sábado, 23 de fevereiro de 2019
A guitarra brasileira de Luiz Bonfá
Luiz Floriano Bonfá nasceu em 17 de outubro de 1922, e com 12 anos aprendeu a tocar violão. Em 1956 tornou-se violonista da peça Orfeu da Conceição, produzida por Vinicius de Moraes. A experiência fez com que fizesse canções, junto com Antônio Maria, que foram utilizadas no filme “Orfeu do carnaval” (1959) dirigido por Marcel Camus. As músicas “Manhã de Carnaval” e “Samba de Orfeo” de Bonfá e Maria, estiveram ao lado de músicas como “Lamento do Morro”, “Felicidade” e “Se todos fossem iguais a você” composições de Vinicius de Moraes e Antônio Carlos Jobim.
Sua composição “Almost In Love” foi à única música brasileira gravada por Elvis Presley, tendo sido titulo de uma coletânea de músicas (1970) de Presley, que haviam sido lançadas como compactos. A música faz parte da comédia “Live a Little, Love a Little” de 1968, estrelada por Elvis.
A trajetória musical de Luiz Bonfá chega à produção de 87 discos divulgados, assim como dezenas de músicas. Recentemente uma de suas músicas, “Seville” de 1967 foi copiada sem dar o crédito pelo músico australiano Gotye na música “Somebody That I Used To Know”, apesar de admitir que colocou sua letra em um melodia, não havia dado crédito. Após identificar o erro, Gotye indenizou em um milhão de dólares a família do artista, além de dar o devido crédito.
Jornalista e bacharel em filosofia