quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A história da música Maracangalha - Repertório


Primeiro, vamos explicar uma coisa, Maracangalha existe mesmo . É um distrito do município de São Sebastião do Passe e ponto turístico onde há a Praça Dorival Caymmi (em forma de violão, 1972), a Capela de Nossa Senhora da Guia (1963) e a Usina Cinco Rios (1912), e que chegou a produzir 300 mil sacas de açúcar por ano.

Dorival e Zezinho
Dorival tinha um amigo de infância, Zezinho, que costumava dizer “Eu vou pra Maracangalha…”. O assunto todo surgiu, porque Zezinho contou a Dorival que tinha uma amante, Áurea, em Itapagipe, e com ela, ele tinha 4 filhos. Só que Zezinho era casado com Damiana e ‘tinha’ que arrumar um jeito pra ver sua outra família. Para isso, ele bolou todo um esquema para ter o motivo de saída de casa e a prova, na volta, de que havia sido ‘sincero’ .

O disfarce
Zezinho se abriu com o amigo compositor, explicou que ele enviava um telegrama a si mesmo onde dizia que sua atenção era necessária em negócios no vilarejo. A partir daí, ele avisava em casa que precisava viajar e estava coberto pela própria lorota. Na volta, ele trazia um saco de açúcar, para comprovar que tinha ido a Maracangalha, pois a Usina Cinco Rios era uma das maiores fontes de movimentação econômica da região. Pronto, o ‘álibi perfeito’.
A música

O samba foi feito num fôlego só, assim, de uma vez, só porque, naquela tarde de julho de 1955, Dorival tinha transformado em palavras seu encanto pela sonoridade do nome do pequeno distrito, assim como a inusitada história que o levou a ficar com essa ‘fixação’ por Maracangalha. O resto, como diz o clichê, é história e a canção toca em carnavais, rodas de samba e, assim como muitas do compositor baiano, parecem que sempre existiram tamanha a naturalidade com que nos faz viajar em seu universo. Ah, a Anália era uma musa inspiradora pela veia musical e cultural, mas isso foi liberdade criativa do autor.
Conclusão
Dorival agradece a Zezinho pela ideia e eu agradeço a Dorival pelo ensejo do artigo. Em homenagem ao dia 1º de abril, um grande abraço a Zezinho, por ter motivado uma das canções brasileiras mais conhecidas com uma história verdadeiramente de agente de vida dupla.

Por:
Sobre Fernando SagatibaNegro, 
jornalista, sambista, desenhista, sarcástico e um pretenso auto-proclamado observador da problemática contemporânea. Filiado à UNEGRO-RJ.
Fonte: Caymmi, Stella. Dorival Caymmi. O mar e o tempo, São paulo, Ed. 34, 2001, p. 329.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

WILSON GREY E JOHN WAYNE NA TERRA DO SOL



A expressão de Wilson Grey na foto era a mesma, e a idade talvez seja também. Em 1975 ou 1976, sei lá, o grande buchicho na minúscula Travessa Ator Jayme Costa, na Cinelândia, ponto de encontro de artistas e técnicos de cinema em busca de trabalho, era a competição sobre quem seria o ator recordista de filmes do planeta.

Nós, do Curso de Cinema do IACS/UFF, por motivos patrióticos, sentimentais, corporativistas, ideológicos e etílicos, torcíamos descaradamente pelo eterno vilão do cinema nacional. Ainda mais porque seu competidor direto era John Wayne, o cowboy americano, o sobrinho favorito do Tio Sam e do Tio Patinhas.

Enfim, Wilson Grey era a esquerda latino-americana, e John Wayne, o capitalismo imperialista. A competição ganhou as páginas do Caderno B e de outros suplementos culturais. A coisa ficou animada.

Tudo bem que outro brasileiro, o grande José Lewgoy, também era um vilão, só que refinado, chefe de gangue, mentor de crimes horrendos, por vezes até usando monóculo. Já Wilson Grey era o vilão pobre, suburbano, de má formação dentária, semialfabetizado que tentava “falar difícil”.

Lewgoy era um grande ator e cansou de atuar em papéis principais. Grey foi o melhor dos nossos coadjuvantes e só uma vez na vida (“O mágico e o delegado”) teve o papel principal.

Virou uma espécie de programa de alguns alunos de Cinema dar uma passadinha na travessinha da Cinelândia, onde atores e técnicos se reuniam para saber das novidades – quem estava filmando, onde poderia pintar trabalho etc.

Nosso barato era entrar na conversa daqueles malandros velhos, tentar uma vaguinha qualquer nos filmes. A coisa sempre terminava ali bem perto, no bar Tangará, para fechar o fim de tarde com as primeiras doses da noite.

Foi nessa época que meus chapas Albertino da Paz Ferreira e Chico Moreira (Francisco Sérgio de Magalhães Moreira) tiveram a ideia de fazer um filme no Jockey Club, na Gávea. Me chamaram para cuidar do som, pilotando um sensacional e moderníssimo gravador Nagra IV. Moderníssimo foi modo de dizer.

O título da pantalla seria “Ponta e Placê”. Tomada a decisão, pegamos o Nagra IV e a Arriflex BL 16 mm que a Embrafilme sempre emprestava aos alunos da UFF e partimos rumo ao prado na Gávea. Foram vários dias de filmagem. Falamos com treinadores, jóqueis, bilheteiros que sempre queriam nos passar uma barbada (davam falsas barbadas para todos, na esperança de ganhar um qualquer, caso o chute desse certo) e até com o Bolonha, figura imponente e folclórica do lugar, neto ou bisneto do Duque de Caxias e eterno adversário da família Paula Machado.

Minha geração foi marcada por muitos projetos irrealizados e o “Ponta e Placê” foi um deles. Ficou só no copião, esquecido em algum canto do IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social) da UFF. O diretor Albertino sumiu da área por uns tempos, depois resolveu ficar somente com seu emprego no Banco do Brasil. O fotógrafo e montador Chico Moreira conheceu Sílvio Tendler, com quem trabalhou nos documentários sobre Juscelino e Jango. E eu resolvi que seria só jornalista, que esqueceria aquele negócio de virar roteirista.

Mas esse projeto, mesmo não tendo ido adiante, teve um “the end” à altura. Numa das filmagens na parte externa do hipódromo, perto da bilheteria, havia um telão para que os apostadores que não queriam ver a corrida lá dentro, nas cadeiras, pudessem acompanhar os resultados de cada páreo ali fora.

Adivinhem quem estava lá? Ele mesmo, Wilson Grey.

Malandro de raciocínio rápido, bastou ver aqueles três garotos empunhando Arriflex, Nagra, pau de luz e claquete para ficar no enquadramento perfeito. Coisa de profiça. Olhando o telão, atento, mordendo a haste dos óculos, simulou que havia acertado o cavalo ganhador e deu até um pulo para comemorar.

“Corta!”, disse o Albertino, emocionado com a cena.

No que o velho ator vibrou:

“Eu, eu, eu! John Wayne se fodeu! Ganhei, porra! Com este, são 251 filmes!”.

Na verdade, não lembro o número de filmes que ele citou. O fato é que John Wayne teria feito 250 filmes, quase 99% deles como ator principal. Dane-se! Wilson Grey correu por fora, passou o alazão ianque e venceu por uma cabeça, sem necessidade de esperar o photochart para conferir. Quer dizer, foi o que pensamos na ocasião.

Infelizmente, Wilson Grey morreu puto da vida com essa história de recorde. Parece que do John Wayne ele ganhou mesmo, em quantidade de filmes. Mas na última volta, surgiu do nada, em outra raia, um fdp de um ator indiano, pioneiro daquilo que ficaria mais tarde conhecido como Bollywood.

Superou, por um ou dois filmes, o verdadeiro homem que matou o facínora e o inimigo de Oscarito e Grande Otelo.

E ainda deve ter comemorado à moda Grey: “Eu, eu, eu, o Ocidente se fodeu!”

Por:

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Bio Ray Titto



Compositor, cantor e guitarrista, natural do Estado do Rio de Janeiro. No início dos anos 90, montou a banda Cadillac 55, gravou o Vinil "Club Boozie 42" e o CD "Rock and Roll is Here To Stay". Depois, pegando uma lendária carona entre as cidades de Rio Claro e Santa Maria Madalena veio a ideia de um novo trabalho musical . Em 1999 criou a banda de "Rock Rural", Rioclaro. Em 2005 gravou o álbum "Por Esse Brasil". 
Em 2006 chegou a Brasilia. Aqui, em 2010, gravou o álbum Chão Vermelho, uma autêntica ode ao Cerrado, totalmente autoral. Participou do São Paulo Country Festival. Realizou várias apresentações em Brasília, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Suas composições atingiram mais de 120.000 downloads no Palco MP3, Myspace e Last FM. 
Em 2015 compôs e gravou a trilha para o filme "Mautner Em Cuba" e o inédito álbum "Gringo".
Em 2016 compôs e gravou a trilha para os seriados "Alvaro de Campos e Gregório de Matos"do Canal Brasil. 
Em 2016 foi finalista no prêmio PPM - Melhor Artista Rock & Blues | Modalidade Criação. 
Em 2016 foi finalista da Academia Brasileira de Cinema para melhor trilha sonora - "Abaixando a Máquina 2". 
Em 2017, vislumbrando também um trabalho que represente todos os sertões da América Latina, a banda Rioclaro deixa de usar este nome - pois o mesmo encontra-se registrado por uma banda Chilena - e passa a se apresentar como: Ray Titto e Os Calabares.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Ray Titto e Os Calabares tocando El Tondero



Tondero é um ritmo musical peruano. Como no caso de muitas danças hispano-americanas e gêneros musicais após sua chegada à América, todos eles sofrem uma modificação ou, antes, uma miscigenação ou sincretismo. No caso do tondero, devido à localização em terras peruanas, suas raízes hispânicas são visíveis com elementos indígenas, como a Dança de La Pava.
A influência musical africana se mistura com o cigano. Uma das mestiçagens musicais mais raras. É a influência africana que se nutre com a cultura da América Andina, dando origem a vários ritmos. Exemplos disto estão por todo o norte e centro do Peru.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Mar (Dorival Caymmi) Ray Titto e Os Calabares



O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
O mar… pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar
O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde

Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha

De todas as mocinha lá do arraiá

Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada

Num canto bem longe lá do arraiá

Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece

Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho

Morreu, morreu, morreu, oh…

O mar quando quebra na praia.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

BirimbauBrasil - Show Ray Titto e Os Calabares








Você já foi, meu rei? Então apareça, peça um acarajé e aquele chope bem gelado ao som de Ray Titto e Os Calabares cantando Dorival Caymmi, Renato Teixeira, Trio Los Panchos, vixe...

O Bar é daqueles cantinhos perfeitos para reencontrar amigos, colocar a prosa em dia, beber muito e pagar pouco. Os shows acontecem nas sextas às 19:30h. Fica na 103 Norte, Brasília DF. 

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Chão Vermelho - Ray Titto e Os Calabares



Art - Jorge Gonzalez 
Faz um longo tempo nem sei
Eu te encontrei e quis ficar 
Eu só queria um lugar pra mim 
Minha riqueza era viver assim 
Estrada foi de coração 
Estrada foi uma canção 
O chão vermelho eu sangrei 
E aqui lutei 
O sol se mandou ligeiro outra vez 
O tempo a gente viu passar 
Na paisagem lisa vem o fim 
Tudo aqui é tão parte de mim 
Então plantei a devoção 
Então plantei minha paixão 
O chão vermelho eu sangrei 
E aqui lutei 
E agora como aquele trem 
Nessa linha não vou andar 
Sua bandeira eu enfrentei 
Verde amarelo eu azulei 
E o velho trem passou 
E o velho trem não voltou 
No chão vermelho eu sangrei 
E aqui lutei 
E o velho trem passou 
E o velho trem não voltou 
O chão vermelho eu sangrei 
E aqui lutei 


Composição: Ray Titto